sábado, maio 10, 2008

Me and Mrs Jones. Atenção, mas eu gosto desta música.

O Billy Paul decidiu levar o adultério a outro nível, o que não quer dizer que seja a um nível superior. Não descreve sexo à bruta nem puxões de cabelos como todos os casos (de adultério ou não) deviam ter. Não, aqui há duas pessoas que se encontram todos os dias, à mesma hora, no mesmo café. Aí, em vez de irem à casa de banho fazer o que os adúlteros indecentes fazem, não. Dão as mãos e fazem planos para o futuro enquanto a juke box toca as músicas deles. É um bocado infantil. E depois vem a culpa, eles sabem que não deviam fazer aquilo, que nem devem sonhar muito alto porque depois a queda é maior. Parece-me que em vez de planearem apunhalar o marido dela e fugir para as Caraíbas, onde viveriam como foragidos, a saltar de biscate em biscate, devem sonhar com coisas muito mais nobres, como um dia poderem ir passear às montanhas. Parece-me, e vou ter que repetir, um bocado infantil, porque isso de se planearem coisas idílicas nem devia ser traição e o facto de se sentirem culpados é, simplesmente, imbecil. Eu não digo que não ache bonito, mas o significado do amor perde-se quando não há sexo e parece-me que estes dois não o têm, ou se sim, é uma coisa assim um bocado esfriada, que nem tem direito a ser mencionada. Se fossem irmãos podiam fazer exactamente a mesma coisa.

1 comentário:

André disse...

É perfeitamente possível que haja uma elipse temporal entre o encontro no café e o "time for us to be leaving".

Aliás, "it hurts so much" pode referir-se ao pós do tal "sexo à bruta" com "puxões de cabelos", como deve ser, suponho. Ou mesmo socos nos rins, socos nos rins será a grande tendência deste Verão, prevejo.